Teóricos da Psicanálise II

Nesta segunda edição do quadro Teóricos da Psicanálise, falaremos sobre Melanie Kein, Donald W. Winnicott e Wilfred Ruprecht Bion. Confira aqui!

Teóricos da Psicanálise

No quadro de Teóricos da Psicanálise de hoje, falaremos sobre Melanie Kein, Donald W. Winnicott e Wilfred Ruprecht Bion.

Melanie Klein
(1882 – 1960)

Psicanalista austríaca, analisanda de Ferenczi, mostrou-se determinada a explorar o inconsciente infantil. Baseou suas teorias em diversos trabalhos com crianças, o que abriu portas para investigação psicanalítica dos primeiros meses de vida.

Para isso, introduziu uma modificação técnica, substituindo a palavra pelo brincar e assim estabelecendo maior proximidade entre a psicanálise de adultos e de crianças. As brincadeiras eram consideradas vias de acesso para conteúdos inconscientes da criança, como sentimentos e pensamentos.

Klein detectou um mal-estar primitivo no ser humano, situado nos primórdios da relação entre a mãe e o seu bebê. O ciúme e a inveja, inconscientemente, apareciam no início do desenvolvimento.

Outros desenvolvimentos se seguiram à psicanálise de crianças, como o estudo dos estados maníaco depressivos, a identificação projetiva como defesa do ego, e a inveja primária na constituição da personalidade.

Donald W. Winnicott
(1896 - 1971)

Pediatra e psicanalista inglês, foi supervisionado por Melanie Klein em meados da década de 1930. Sua obra foi dedicada à construção da teoria de amadurecimento pessoal, caminho que se inicia na dependência absoluta rumo à autonomia relativa. Sua teoria se distingue da freudiana por se ocupar do que antecede o triângulo edipiano e por decidir estudar o bebê e sua mãe como uma ''unidade psíquica'' que aos poucos se diferencia conforme o amadurecimento pessoal do bebê.

Dá ênfase aos aspectos ambientais do desenvolvimento, do potencial inato de amadurecimento do bebê à paulatina construção do self. Para ele, o self se constitui a partir da integração entre soma e psique .

A partir dos gestos espontâneos do bebê, do vínculo construído com sua mãe e com o ambiente, aos poucos constrói-se o verdadeiro self ou falso self, o primeiro corresponde ao desenvolvimento saudável, o segundo corresponde ao desenvolvimento marcado por medidas defensivas, com perda de espontaneidade e sentimento de ser real, sentimento fundamental para Winnicott. O verdadeiro self propicia capacidade de brincar, condição para a construção da personalidade de modo integral e com liberdade de criação.

Wilfred Ruprecht Bion
(1897- 1979)

Psicanalista britânico conhecido por estudos sobre fenômenos e dinâmicas de grupo, passou por análise com Klein e foi um seguidor seu, mas lançou novas teorias a partir de sua observação da experiência clínica. Além de produzir teorias sobre o funcionamento e desenvolvimento da personalidade, sobre o trabalho clínico e a teoria dos vínculos, Bion trouxe um novo olhar, próprio, às contribuições de Freud e de Melanie Klein.

Alguns dos conceitos de sua teoria do pensar, como elementos alfa e beta, função alfa e réverie, ofereceram uma nova perspectiva à Psicanálise. Por meio deles, o autor descreveu o processo de simbolização, enfatizando seu início nos primórdios da infância, bem como suas implicações para a análise.

Ademais, Bion substitui, na clínica, o privilégio pela teoria como direcionadora da sessão pela identificação da experiência emocional disponível na situação analítica, centrando o trabalho analítico na elaboração da experiência emocional compartilhada entre o analista e analisando.

Referências:

https://febrapsi.org/publicacoes/biografias/melanie-klein/ (link externo)
https://www.apsicanalise.com/index.php/blog-psicanalise/48-artigos/340-melanie-klein (link externo)
https://febrapsi.org/publicacoes/biografias/donald-woods-winnicott/ (link externo)
https://febrapsi.org/publicacoes/biografias/wilfred-ruprecht-bion/ (link externo)
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/jp/v50n92/v50n92a14.pdf (link externo)